De cabeça erguida

Parte 5

O motorista do carro havia perdido o controle e ia me atropelar, mas, não sei como, alguém saltou em minha frete e impediu meu triste fim.
O carro seguiu em frete andando em zigue-zague quase batendo em tudo e todos. Eu estava tonta e um pouco confusa. Até que ouvi a pessoa que me ajudara perguntar:
- Está tudo bem?
- Er, está sim. Obrigada!
- Não foi nada Alice!
- Me conhece?
- Estudamos juntos já faz três anos, mas você nunca olhou para mim. Sou Lucas!
- Juntos? Desculpa, mas...
- Esquece! Sei que você tem seu grupo de amigas e não precisa reparar em tudo. A sala tem quarenta alunos e eu sou o mais quieto, não dá pra perceber que eu estou ali.
- Desculpa mesmo, eu...
- Tenho que ir! Quer que eu te leve ao hospital, pra casa?
- Não obrigada! Estou bem! Obrigada.
- De nada! Tchau
- Tchau!

E ele foi embora em sua moto. Fiquei um pouco confusa, aliás nunca o tinha visto em sala de aula. Que distraída!

Em casa

Cheguei em casa e minha mãe estava mais brava do que o king-kong quando perdeu sua amada.
- Onde estava com a cabeça para brigar dentro da escola? Ficou maluca? - ela começa a gritar exigindo uma resposta, mas nem me deixando falar.
- Eu...
- Eu não te dei educação suficiente? Precisava agredir uma colega?
- Eu...
- Que valores uma garota como você pode ter?
- Eu...
- Nunca vão se interessar por uma menina agressiva, que espanca qualquer uma sem motivo algum.
- Eu...
- Você o quê?
- Eu só queria...
- Queria matá-la?
- Não...
- Então?
- Ela...
- Nada justifica o que você fez! Já para o quarto. Está de castigo.
- Eu...
- Para o quarto! Agora!

Eu subi irritada, ela nem sequer quis me ouvir. Eu podia estar morta e ela nem ligaria.

Três dias se passaram e eu tive que voltar à escola e encarar todos aqueles olhos julgando-me até a morte. Todos iriam fuzilar-me com os olhos e eu seria a mais nova garota ridicularizada de toda a escola.

- Oi Alice! - era Lia, pelo visto a única que ainda falaria comigo.
- Oi Lia!
- Não fica assim! Você não gostou de ficar três dias em casa?
- Não!
- Pois eu amei!
- Como assim?
- Não achou que eu aguentaria ver o sorrisinho da namoradinha de Cadu depois que você foi suspensa não é?
- Como assim?
- Eu deixei o outro olho verde dela roxo. Por você!
- Não acredito!
- Pode acreditar! E bata palmas por favor, eu sei que sou demais!
- rs. Só você mesmo!
- Hahaha! Eu sou incrível, nós somos incríveis! Bate aqui...

E ela levantou a mão para darmos nosso antigo gesto de comemoração! Plaa

Entramos na sala de aula e eu, pela primeira vez, cruzei olhares com Lucas. Ele estudava comigo mesmo.

- Que foi?
- Nada!
- Aquele é o Lucas. Quieto, nerd, anti-social e diga-se de passagem até que bonitinho.
Fiz um gesto de negação e ela continuou falando, mas eu nem estava prestando atenção.
De repente, eis que Cadu e a nova namorada entram em sala. Ambos com sorrisos ambiciosos e maldosos no rosto. Eles passam por mim esbarrando em meu braço e me fazendo derrubar todos os livros. Pronto, eu estava virando motivo de gozação e era a mais nova membra do grupo dos ridicularizados pelos populares. Em pensar que eu pertencia aos populares a quatro dias atrás.

- Que idiotas! Quer eu bata neles?
- Não Lia! Esquece!
- Deixa eu te ajudar! - era Lucas que havia se levantado para me ajudar com todos aqueles livros e papéis.
- Obrigada!
- Não foi nada!- disse ele indo para seu lugar.

Sentei na frente dele e ao lado de Lia, no canto de todos os excluídos da turma! Que coisa mais chata.

No intervalo

- Vou comprar lanche, que algo? - perguntou Lia
- Não! Obrigada!

Ela foi comprar o lanche dela e Lucas sentou ao meu lado logo em seguida!

- Oi! -disse ele
- Oi! - respondi
- Olha eu...
- Que foi? Está tudo bem? Você está legal?

Nesse momento Lucas me beijou com firmeza, sem dar nenhuma chance para que eu me soltasse de seus braços musculosos e aconchegantes.

- Continua

Por: Aline